Campo Grande | Da Redação/Com Diário Online | 16/08/2012 11h41

Escavações revelam objetos históricos no Porto de Corumbá

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Obras atingirão rua Manoel Cavassa, ladeiras Cunha e Cruz e José Bonifácio, além do beco da Candelária Obras atingirão rua Manoel Cavassa, ladeiras Cunha e Cruz e José Bonifácio, além do beco da Candelária (Foto: Anderson Gallo)

Garrafas, pedaços de porcelana e um cravo (espécie de prego) são exemplos de alguns materiais encontrados durante a escavação para as obras de embutimento de fiação elétrica e cabos telefônicos na região do Casario do Porto Geral de Corumbá.

Por se tratar de uma área de grande apelo histórico, as intervenções têm sido acompanhadas pelo técnico em arqueologia do IPHAN, Divaldo Rocha Sampaio, que orientou os operários quanto à atenção redobrada com a área.

"Da mesma forma que tem um painel explicando a importância dessa obra para o porto, os trabalhadores já foram orientados a tomar cuidado, escavar com mais cuidado e se encontrarem vestígios arqueológicos nos informarem", disse ao Diário ao explicar que a realização dessa obra implica em ação que não é feita em obras comuns.

"Todo o revolvimento de solo está sendo acompanhado pelos técnicos do IPHAN. Os sedimentos estão sendo peneirados para recuperar algum indício arqueológico que esteja presente e estão sendo observadas nas escavações estruturas que possam ocorrer", disse ao explicar que a região tem duas áreas distintas para a análise do material que vem sendo coletado.

"A parte mais próxima à orla recebeu aterro e por isso essas peças encontradas até o momento (frutos da primeira fase das escavações) estão descontextualizadas. Como é de aterro, a gente não tem muito esse contexto histórico, pois esse material pode ter vindo de locais que desconhecemos sua origem. As próximas áreas de escavações (trecho que compreende as ladeiras Cunha e Cruz e José Bonifácio, além de grande extensão da rua Manoel Cavassa) vão estar mais conservadas, mais próximas do contexto histórico do Casario do Porto", comentou o arqueólogo.

Entretanto, uma das maiores peças encontradas na área de escavação é uma garrafa de grés, material intermediário entre a cerâmica e a louça. Apesar de o material ter sido encaminhado para laboratório a fim de precisar sua origem, Divaldo acredita se tratar de uma peça utilizada no final do século XIX.

Garrafa de grês foi encontrada durante trabalho de escavação para fiação subterrânea

O técnico afirma que o material coletado após catalogado e identificado irá compor acervo do IPHAN, devendo ficar exposto na própria sede do escritório técnico em Corumbá e na Casa da Cultura, espaço que está sendo construído, em Campo Grande.

Monitorado e conectado

De acordo com a chefe do escritório técnico do IPHAN em Corumbá, Sílvia Teresa Mercado Cedron, a conclusão das obras, que incluem ainda circuito de câmeras e internet wi-fi, deve acontecer em dezembro deste ano, seguindo cronograma da empresa contratada por licitação.

"Estamos tentando fazer uma parceria com Prefeitura que já tem uma central de monitoramento.As câmerasauxiliarão tanto na segurança de quem frequenta a região quanto na preservação do patrimônio, inibindo a ação de vândalos", destacou.

Ela lembrou que esta é a segunda fase da obra iniciada em 2005 com a colocação dos dutos. Na fase atual, a fiação elétrica e o cabeamento telefônico estão sendo inseridos e ligados. Com a retirada da fiação, será implantada a iluminação cênica que privilegiará as formas e cores dos prédios históricos. Ao todo, estão sendo investidos mais de R$ 3 milhões oriundos de recursos federais.

Para quem frequenta a área portuária e se desloca com veículos, é preciso prestar atenção no cronograma de execução das obras que prevê a interdição de vias. Desde esta quarta-feira, 15 de agosto, até o dia 22,a ladeira Cunha e Cruz será interditada parcialmente. Já a ladeira José Bonifácio deve ser interditada entre os dias 27 de agosto e 05 de setembro.

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