Maus tratos e abandono estão na mira do CCZ
As condições de higiene de algumas residências campo-grandenses vêm sendo expostas em Diário Oficial do Município. Publicações recentes mostram três casos de notificações zoosanitárias, ou seja, que dizem respeito à criação de aves em área urbana; imóveis abandonados; animais com leishmaniose cujos donos não autorizaram sacrifício ou apresentaram atestado de tratamento; e ainda maus-tratos contra animais.
Em 2010, foram publicadas em Diário Oficial, 355 notificações enquanto no ano passado o número foi um pouco maior: 370 publicações. De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses de Campo Grande, os números de janeiro e parcial do mês de fevereiro de 2012, ainda não foram fechados.
Moradora do Bairro Caiçara, N.J.F., 74 anos, foi notificada por criar galos, galinhas e um peru, que estariam causando incômodos à vizinhança e insalubridade, por conta do mau cheiro e da possibilidade de transmissão de doenças. “Deixou de adotar medidas necessárias para a manutenção do quintal limpo, sem efetuar a limpeza do imóvel, bem como remover materiais inservíveis e em decomposição, evitando o acúmulo de fezes espalhadas pelo chão exalando mau cheiro e insalubridade pelo meio ambiente”, descreve a notificação da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).
Procurada pelo Correio do Estado, N.J., que é aposentada e vive só, informou que cuida do seu terreno e cria apenas 8 galinhas, como comprovado pela reportagem. “Se quiserem me levar presa, me levem. Eu não tenho como mudar isso aqui. Crio galinha para comer, fui criada na roça”, disse a senhora.
Outro caso publicado em Diário Oficial foi o de uma senhora de 70 anos, moradora do Bairro Guanandi. E.S.G. foi notificada por ter mantido em sua residência um cão com diagnóstico sororreagente para leishmaniose e não ter realizado nenhum dos procedimentos requeridos pelo Centro de Controle de Zoonoses. Segundo a publicação oficial, as alternativas para os proprietários de cães identificados com leishmaniose pelo CCZ são: entregar o animal para eutanásia; recoletar o sangue por outro laboratório na tentativa de descartar falso positivo no exame feito pelo CCZ; ou ainda apresentar declaração de tratamento do animal.
A idosa não tomou nenhuma das providências e, segundo a notificação, abandonou o animal em via pública. Procurada pela reportagem a senhora informou que os vizinhos fizeram uma abertura na grade de sua casa e assim, deixaram o animal fugir. “Nunca mais vi meu cachorro. O pessoal fez isso de propósito”, disse, emendando. “Eu nem sabia dessa notificação. Nem sei o que vou fazer”, disse a mulher, que mora sozinha.
No terceiro caso, dois animais da raça rottweiler eram mantidos em uma residência no Jardim Sayonara sem receber as condições ideais para o bem-estar “com a ausência de alimento e abrigo adequado, devidamente comprovado por equipe do Centro de Controle de Zoonoses”. O quintal também era mantido em precárias condições de higiene, com acúmulo de fezes espalhadas pelo chão, exalando mau-cheiro e insalubridade pelo ambiente. “Desta forma, contraria a legislação sanitária vigente supracitada, tipificando como infração sanitária”, informa o texto da notificação.
A reportagem não conseguiu contato com o proprietário dos animais pois foi até o endereço mencionado em Diário Oficial e encontrou outros moradores no local. A casa foi vendida recentemente.
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