Geral | Da Redação/Com Campo Grande News | 08/01/2012 17h27

Motoristas que bebem e dirigem; PRF flagra três condutores embriagados em rodovias de MS

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O Código Brasileiro de Trânsito prevê multas e medidas administrativas para o condutor flagrado com indícios de álcool no sangue. Entretanto, muitos motoristas trafegam nas ruas, alheios à legislação. 

Desireé Lopes, 20 anos, apesar de saber dos riscos que corre nas ruas, diz que já foi motivo de preocupação para outros motoristas. “Já dirigi uma moto quando estava embriagada. Não me senti confiante na situação, tanto que foi a primeira e a última vez. Tomei uma latinha só, e foi o bastante para eu me sentir ruim”.

De carona 

Por outro lado, existe a situação das pessoas que participam passivamente desse processo que envolve embriaguez nos volantes. O comportamento de uma pessoa que pega carona é de total confiança no condutor. Esse é o caso de Matheus Ribeiro, estudante de 16 anos, que se envolveu em um acidente de moto enquanto pegava carona com um colega embriagado.

Na ocasião, Matheus freqüentou normalmente a aula de seu cursinho próximo à UFMS. Depois passou em um bar próximo, e encontrou um colega que lhe ofereceu carona. “Na noite em que eu me acidentei, eu ia voltar de ônibus pra casa. Mas esse meu colega me ofereceu uma carona, que acabou resultando em um susto”. 

Matheus revela que seu colega havia bebido três ou quatro copos de cerveja, o suficiente para ser flagrado como embriagado, caso fosse submetido a um exame de bafômetro. No caminho para casa, o amigo começou a acelerar e não percebeu a presença do quebra molas logo adiante, segundo ele, porque o local não estava bem sinalizado e a iluminação era precária. Esses fatores, aliados à percepção reduzida do condutor, resultaram em um acidente. “De repente rampamos e a moto tombou pro lado. Tive ralados no cotovelo e no joelho direito.”

Pelo fato de ter 16 anos, Matheus ainda não possui carteira de habilitação. Através de experiências como essa, ele vai pensar duas vezes antes de tomar a via pública, esteja ele embriagado, ou pegando carona com uma pessoa em semelhante situação. Ele acredita que “essa questão de educação no trânsito deve ser uma iniciativa a ser tocada em frente, para evitar acidentes. Acho que é difícil mudar pessoas mais velhas e educá-las para o trânsito. Vou evitar de beber antes de dirigir”, conclui.

Como evitar, na opinião deles

O professor André Monteiro, 23 anos, acredita que as políticas de educação no trânsito são ineficientes na tentativa de mudar o comportamento daqueles que bebem e dirigem. “Eu vejo que é necessário que o Estado crie mecanismos para tirar temporariamente esses condutores que trafegam alcoolizados nas vias. Além disso, que eduquem os próximos que virão”, enfatiza.

Já sobre os mecanismos utilizados para flagrar condutores embriagados, André se pondera quanto à eficácia dos modos de coibir a bebida no trânsito. “Essa questão de fiscalização tem de ser levada mais a sério, com aplicação de multas, tirar o direito de dirigir, reeducar o infrator num banco de autoescola”. Medidas como suspensão do direito de dirigir e aplicação de multa são previstas no Código de Trânsito Brasileiro.

André diz que já pilotou uma moto após ter ficado bêbado e avalia os limites que cercam a liberdade individual. “Dirigi bêbado uma vez, e foi pra nunca mais fazer de novo. Era de madrugada, e não tinha movimento nenhum. A liberdade é interessante, mas não pode comprometer o direito da outra pessoa de viver”. O fato de ser madrugada e não haver movimento não quer dizer que André não corria riscos nas ruas. Dirigir nessas condições é uma ousadia que compromete a integridade não só do condutor, como também dos outros usuários da via.

Risco constante

Thiago Alves, de 25 anos, já se envolveu em dois acidentes de trânsito que envolveram bebida e direção. Na primeira ocasião, se machucou sozinho, enquanto conduzia sua moto bêbado. Na segunda vez, um outro condutor, que estava embriagado, não respeitou a sinalização e acabou por atingi-lo. “A questão de dirigir bêbado vai da consciência de cada um. A todo momento saem notícias alertando sobre esse perigo”.

Mas a consciência de Thiago é posta em xeque quando ele revela como é seu comportamento após essas experiências. “Continuo saindo, e bebendo. Se for dirigir algum veículo, redobro a atenção. Quanto mais eu bebo, mais ando devagar”. A mesma atenção que o próprio Thiago acredita que fica comprometida após a ingestão de uma simples latinha de cerveja. E ainda assim, ele continua, e outros continuam, bebendo e dirigindo.


Mortes no trânsito

Faltam políticas públicas para reduzir o alcoolismo no País. Cerca de 40% dos adolescentes que procuraram tratamento provaram bebida alcoólica antes dos 11 anos.

Considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a 8ª principal causa de morte no mundo, com mais de 2,5 milhões de óbitos anuais, o abuso do álcool é uma preocupação mundial. Além de estar bebendo mais, o brasileiro tem consumido bebida alcoólica cada vez mais cedo. Segundo ele, isso tem motivado o aumento dos casos de alcoolismo e da criminalidade no País.

Outras pesquisas, como a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, do Ministério da Saúde, também indicam que o consumo abusivo de álcool tem aumentado entre os brasileiros. No último levantamento divulgado, com dados de 2009, 18,9% dos participantes do estudo declararam fazer uso abusivo do álcool. Em 2006, esse percentual era de 16,1%. Em 2007, subiu para 17,5% e, em 2008, para 19%.

Ronda da embriaguez em MS

Durante abordagens realizadas ontem (07), a PRF (Polícia Rodoviária Federal) prendeu três condutores por embriaguez alcoólica nas estradas de Mato Grosso do Sul.

As ocorrências foram divulgadas na manhã deste domingo pela corporação.

Um homem de 26 anos foi detido no quilômetro 490 da BR-267 em Jardim conduzindo uma motocicleta Honda CG 150.

Em Ponta Porã, no quilômetro 68 da BR-463, um motorista de 64 anos foi preso por dirigir embriagado um veículo Celta.

E no quilômetro 747 da Br-163, em Coxim, outro motociclista foi detido por pilotar sob efeito de bebida alcoólica. O homem de 47 anos conduzia uma Honda CG 125.

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