Geral | Da Redação/Com Assomasul | 05/03/2012 09h02

Mulheres ainda ocupam pouco espaço na política

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Na semana em que o mundo rende homenagens às mulheres, a vice-prefeita de Dourados e coordenadora de Políticas Públicas para as Mulheres, Dinaci Ranzi, faz uma avaliação da participação da mulher na política. Na opinião dela, essa representação feminina ainda é muito tímida no Brasil. “Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, hoje dá prá contar nos dedos quantas mulheres têm uma participação ativa na politica”, exemplica. 

Para ela, a mulher tem alcançado muitas conquistas, mas na política as barreiras ainda são imensas porque o machismo existente na sociedade e a falta de apoio, paralelamente a busca mais efetiva por parte das mulheres, têm dificultado a inserção delas na política. Com os avanços das leis em defesa das mulheres e com a elevação de consciência destas, a participação na política é só mais um passo em busca da igualdade de direitos. 

“Não há dúvida, de que as mulheres conquistaram vários espaços que antes eram exclusividade dos homens, mas o cenário político do Brasil ainda continua sendo um território essencialmente masculino. O poder político reflete a estrutura de preconceitos que ainda existe na nossa sociedade”, avalia. 

A mestre em História pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e militante do movimento de mulheres, Célia Flores compartilha desta opinião. Ela lembra que a sociedade ainda é predominantemente machista, fruto de uma educação diferenciada entre meninas e meninos. ‘As mulheres deveriam ser mais educadas do que instruídas. A preocupação maior na formação das mulheres era que tivessem uma sólida formação cristã para que se tornassem mães e esposas virtuosas’. 

Outro aspecto significativo que dificulta a participação da mulher, segundo Célia, está ligado ao machismo, que fragiliza a tentativa da mulher em se firmar como liderança dentro dos partidos políticos. Além disso, o período de campanha eleitoral exige que os candidatos transitem por ambientes considerados “masculinos” como bares, “bolichos”, canchas de bocha, campos de futebol, entre outros. Os comícios são, na maioria das vezes, à noite. “Isso acaba condicionando a participação da mulher à concordância e participação de seus maridos, namorados”, diz. 

Outra situação nos partidos políticos que afasta as mulheres da participação nos pleitos é o financiamento das campanhas. Para ela, a distribuição de recursos para as campanhas não é igualitária, ou seja, os partidos investem mais nos homens. 

Preconceito

Célia Flores lembra que geralmente quando se elegem, são poucas as mulheres que dão continuidade a vida pública porque tornam-se alvo de postura e comentários que não são feitos aos homens que ocupam os mesmos cargos, tais como: “deve estar na menopausa”, “está histérica”, “deve estar com TPM”, “parece silicone”, “falta homem” e assim por diante. Isso aliado àquelas pérolas cotidianas do tipo “tinha que ser mulher”. 

“Isso só reforça o discurso machista que não considera que a mulher possui qualidades e competências que contribuam para uma excelente atuação política”, comenta, lembrando que “essas abordagens buscam desqualificar as mulheres colocando outros elementos na pauta que não sejam os da competência e capacidade de administrar”. 

Hoje muitas mulheres estão em associações, sindicatos e partidos porque possuem coragem e uma grande capacidade de se organizar. Defendem suas causas com garra, mas, existem casos que os partidos políticos não permitem o empoderamento dessas mulheres e por isso elas são poucas nas direções dessas organizações.

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