Investimentos em tecnologia têm permitido independência científica na Saúde
Soberania e inclusão social foram os dois principais pontos abordados na abertura do 11º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva – Abrascão 2015, que tem como tema "Saúde, desenvolvimento e democracia: o desafio do SUS universal". A cerimônia, na noite desta terça-feira (28), em Goiânia, teve a participação dos ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, e da Saúde, Arthur Chioro.
Aldo destacou o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI) e de outras instituições ligadas ao Ministério a avanços na área, ao lado do Ministério da Saúde (MS) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
"Temos investido em ciência e em pesquisa para a saúde, para a produção de fármacos, medicamentos, equipamentos que deem ao Brasil não apenas capacidade, mas também soberania e independência científica e tecnológica para cuidar de sua população", disse no evento, na Universidade Federal de Goiás (UFG). "Infelizmente, vivemos num mundo em que o interesse de algumas nações se sobrepõe ao interesse geral, ao interesse comum e ao interesse coletivo da humanidade."
Para o ministro, a área vem passando por avanços em todo o mundo, mas ainda restam contrastes inaceitáveis. "A humanidade pode registrar conquistas importantes na cura e na prevenção. Houve aumento na longevidade e redução na mortalidade", comentou. "Mas é preciso registrar um paradoxo: grande parte da humanidade permanece à margem de qualquer tipo da assistência e do alcance de qualquer política pública de saúde".
O titular do MCTI lembrou que o tema das chamadas doenças negligenciadas, ou esquecidas, apareceu como uma preocupação comum dos governos brasileiro e norte-americano nas reuniões de cooperação bilateral que teve com autoridades daquele País neste ano. Acrescentou que males como a esquistossomose, a malária, a leishmaniose e a doença de Chagas ainda não têm vacina ou soro preventivo, embora alguns deles sejam conhecidos há séculos ou até milênios, ao passo que foram concretizadas realizações científico-tecnológicas como a conquista do espaço, a ida à Lua, a invenção da internet e "milagres" nas tecnologias da informação e da comunicação. Por fim, citou o risco de pandemias, questionando se a comunidade global está preparada para contê-las.
Novos desafios
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, ressaltou os impactos das transformações populacionais, culturais e econômicas. "O Brasil vive uma transição demográfica, nutricional e epidemiológica e isso nos faz lidar como novos desafios", afirmou. Ele pontuou que transcorreram quase 28 anos desde a promulgação da Constituição de 1988 e o reconhecimento do acesso à saúde como direito universal, e que se impõem frentes como a busca por novas fontes de financiamento e o enfrentamento intersetorial de problemas como a violência no trânsito, o uso indiscriminado de álcool e outras drogas e o excesso de partos cesarianos.
Chioro destacou a necessidade de discutir assistência farmacêutica e inovação no Sistema Único de Saúde (SUS) e exemplificou com a economia obtida no tratamento de diabetes. "O que o Brasil está conseguindo, com o jeito criterioso de discutir inovação, sem ficar de joelhos diante dos interesses o capital internacional, valorizando os nossos laboratórios públicos, é permitir que outros países, outros povos das Américas, da África e do mundo tenham direito a ter acesso aos mesmos tratamentos que os países hoje chamados de Primeiro Mundo."
Participaram da mesa o representante da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) no Brasil, Joaquín Molina; o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia; o reitor da UFG, Orlando Amaral; o secretário de Saúde de Goiás em exercício, Halin Girardi; a presidenta do Conselho Nacional de Saúde, Maria do Socorro de Souza; o presidente da Abrasco, Luis Eugenio Souza; e o presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Gadelha, entre outros representantes de governo, sociedade civil e instituições multilaterais.
Sobre o Congresso
O Abrascão reúne pesquisadores, docentes, estudantes, técnicos, gestores, profissionais e militantes da saúde coletiva até sábado (1º). Em sua 11ª edição, tem presença prevista de cerca de 5 mil pessoas.
O objetivo do Congresso é apresentar as produções científicas recentes, divulgar pesquisas, trocar experiências em todas as áreas, além de promover debates e aprofundar reflexões sobre os principais temas relacionados às condições de saúde da população brasileira.
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