Sedentos pelo apoio de Bolsonaro, tucanos de MS criticavam ex-presidente
A política sempre nos brinda com reviravoltas, no mínimo, estranhas, muitas delas motivadas por interesses nada republicanos. Geraldo Alckmin (PSB), por exemplo, já afirmou, quando estava no PSDB, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é “o retrato do PT, partido envolvido em corrupção, sem compromisso com as questões de natureza ética, sem limites”. Hoje, ele é vice-presidente de Lula. E em terras pantaneiras isso não é diferente.
Hoje sedentos pelo apoio de Jair Bolsonaro (PL), os principais nomes do PSDB (sim, de novo o PSDB) em Mato Grosso do Sul já foram críticos ferrenhos do ex-presidente. O deputado federal Geraldo Resende, por exemplo, chegou a chamar de “nazistas e fascistas” simpatizantes de Bolsonaro que eram contra a obrigatoriedade da vacina contra a covid-19. O fato aconteceu em 2021, durante uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Campo Grande, e quase acabou mal.
Hoje filiado ao PSDB, o também deputado federal Dagoberto Nogueira também já destilou suas críticas contra Bolsonaro. “O Bolsonaro, eu convivo com ele e sei que ele não tem preparo, mas tomara que ele monte uma equipe boa, ele não tem preparo nem para ser prefeito de Jaraguari, quanto mais para ser presidente do Brasil”, avaliou, antes das eleições de 2018, quando Bolsonaro venceu a disputa contra o petista Fernando Haddad.
E, claro, não poderia faltar ele. Ungido pelo PSDB de Mato Grosso do Sul para concorrer à Prefeitura de Campo Grande em outubro, Beto Pereira também fez sua parte. Afirmou, em postagem em suas redes sociais, que Bolsonaro “negou a gravidade dos fatos” no início da pandemia. “Deu às costas para a ciência e para as medidas básicas de proteção [...]. Atrasou em vários momentos a aquisição de vacinas fazendo, inclusive, piadas sobre a eficácia dos imunizantes”.
Sobrou até para o filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro, que era deputado federal por São Paulo (SP). “Defino como insana a postura do deputado Eduardo Bolsonaro que, nesse momento de crise, causa mais uma celeuma diplomática, dessa vez com a China, nosso maior parceiro comercial”, postou.
Todas as postagens já foram, estrategicamente, apagadas.
As postagens antigas de Beto foram expostas nesse final de semana pelo ex-deputado estadual Rafael Tavares (PL), que chegou a ser o pré-candidato de Bolsonaro na Capital. Para ele, caso a aliança se confirme, “será uma decepção para toda a direita do Mato Grosso do Sul”.
Antes, Bolsonaro era o alvo das críticas afiadas dos tucanos, mas agora, repentinamente, seu apoio se torna o ingrediente mágico para a vitória nas eleições municipais em Campo Grande.
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